quarta-feira, 19 de maio de 2010

De volta ao exílio



– Éramos jovens, bonitos e estúpidos. Agora, somos só estúpidos.
Assim, Mick Jagger apresentou no Festival de Cannes nesta quarta-feira (19/5) o documentário Stones in Exile. Dirigida por Stephen Kijak, a produção mistura imagens da época - incluindo vídeos caseiros -, concertos, fotografias e entrevistas com personagens atuais, testemunhos de Jagger e Keith Richards, que falam da gravação do clássico Exile on Main Street e sua mudança para a Costa Azul francesa fugindo do fisco britânico.
Muitas imagens inéditas foram tiradas das 35 caixas de arquivos do fotógrafo Robert Frank, outras cedidas por Jim Marshall. As mais interessantes são as que mostram a intimidade da banda, com suas mulheres, namoradas e filhos em suas casas na Villefranche-sul-Mer.
Jagger é também produtor do filme, com o qual queria recuperar testemunhos dessa época, já que tinha começado a preparar a reedição do álbum, mas achava que só isso não era suficiente, que era preciso transmitir o espírito daqueles anos. Do começo dos anos 1970 – a banda chegou à Costa Azul em meados de 1971.
– (Richard) Nixon estava na Casa Branca, havia a Guerra do Vietnã e Eddy Merckx tinha ganhado o Tour de France – explicou Jagger, misturando inglês e francês na breve apresentação do filme e acrescentando que, no entanto, os músicos não se inteiravam de nada do que se passava no mundo exterior porque estavam fechados na casa, gravando um disco.
Mick Jagger trouxe muita expectativa a Cannes. Fãs esperaram por horas às portas do teatro Croisette, onde foi realizada a projeção. O documentário traz um testemunho interessante de uma época chave para os Stones e também polêmica, devido a sua saída do Reino Unido.
– Reconheço que não é muito cool dizer que fomos embora por questões de impostos, mas, se queríamos seguir adiante, tínhamos que ir para o exterior – afirma Jagger no filme.
O resultado é mais do que satisfatório para o líder dos Stones, que afirmou sempre ter tido certeza de que Kijak era o diretor adequado para o documentário. O longa é lançado simultaneamente à reedição de Exile on Main Street, um dos discos mais importantes da carreira dos Stones - para muitos, o melhor -, mas que não teve uma boa recepção na época em que foi lançado (1972).
Por fim, o cantor citou seu filme favorito, Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, e assegurou que “agora há boa música e há merda, como em todas as épocas”.
(Por Alicia García de Francisco - da Agência EFE)

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