segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sbornia em 3D

Inspirado em ''Fantasmas de Scrooge'', cineasta brasileiro lança animação completamente em 3D
ALYSSON OLIVEIRA

Especial para o UOL, do Cineweb


Cena da animação de Otto Guerra, que será produzida inteiramente em 3D
Jim Carrey talvez nem fique sabendo, mas ele é um dos incentivadores do primeiro longa de animação brasileiro inteiramente formatado em 3D. No momento, o filme está em finalização em Porto Alegre, nos estúdios do desenhista Otto Guerra (“Wood & Stock – Sexo, Orégano e Rock’n’roll”), que teve a ideia, no final do ano passado. “Eu tinha acabado de ver ‘Os Fantasmas de Scrooge’. Saí da sessão super feliz, porque o efeito 3D era impressionante. Levei vários sustos com a imagem saltando da tela. Mas também fiquei triste, porque meu filme, que estava em produção, ia chegar aos cinemas num formato que me pareceu antiquado”, revelou o diretor em entrevista ao UOL Cinema.
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Seu novo trabalho ainda não tem título definido (“Pode se chamar ‘Até que a Sbórnia nos separe’ ou ‘Fuga em Ré Menor’, ou uma outra coisa completamente diferente”), mas já está com mais de uma hora de animação pronta. “Quando eu falei que queria transformar o filme em 3D, no meio da produção, o pessoal que trabalha comigo riu de mim”, brinca. Mas depois de pesquisar, viu que transformar uma animação no formato 3D não era tão complicado e resolveu mexer em todo o filme, que deverá ficar pronto apenas no próximo ano.
O longa é uma adaptação da peça gaúcha “Tangos e Tragédias”, em cartaz desde 1984. “Eu vi logo quando estreou e adorei. Mas se tornou uma espécie de maldição para os dois atores [Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky], que querem fazer outros trabalhos, mas ninguém deixa, tamanho o sucesso desse espetáculo”. A animação será uma comédia romântica e musical, como o original, sobre dois músicos da ilha Sbórnia, que fica ao sul da América do Sul. “É um lugar bem tradicional mas, por conta de um acidente que derruba o muro de separação, os moradores do continente invadem a ilha”, adianta o diretor, que conta que o roteiro teve cerca de oito versões.
Otto explica que um dos motivos que o levaram a adaptar o espetáculo é o tema: “A peça já abordava assuntos que me interessam, como a cultura gaúcha e o imperialismo cultural dos EUA”. Os dois músicos da peça também dublarão seus personagens no filme.
Atualmente, o diretor conta com uma equipe de 40 pessoas trabalhando em seu longa, e já captou R$ 3 milhões dos R$ 4 milhões em que está orçado. Otto pretende lançar o filme tanto no formato 3D – que requer óculos especiais – quanto no formato convencional. Ele explica que, ao contrário de um longa com atores, na animação é possível manipular o formato mesmo quando o filme já está pronto. “No caso de ‘live action’ é preciso filmar com câmeras especiais, não basta modificar as imagens no computador. Num desenho, é possível fazer isso, você trabalha quadro a quadro, coloca profundidade e espaço entre os objetos para criar o efeito, mesmo que o filme esteja pronto”.
O diretor acha que o 3D é um formato que chegou para ficar. Daqui a alguns anos, a seu ver, será bem mais popular e mais barato para fazer, o que deve tender, a longo prazo, a baixar o valor do ingresso para o preço de uma exibição convencional. “É como na época em que se introduziu o som ou as cores ao cinema. É uma mudança que não dá para voltar atrás. Mas ainda estamos na pré-história dessa revolução. No futuro, creio, será possível alcançar o efeito da terceira dimensão sem precisar de aparato, como o óculos”.

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